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Será que a altitude pode afetar o desempenho do carro? Confira!

novembro 26, 2018

A maioria das pessoas faz pesquisas e compara as características dos modelos antes de comprar um automóvel. Uma dos detalhes divulgados com mais entusiasmo pelas montadoras é a potência dos motores. Você sabia que fatores externos influenciam o desempenho do carro e podem deixá-lo mais ou menos potente?

Esse é um aspecto importante a ser considerada pois, em alguns casos, o motor pode decepcionar. E quem investiu dinheiro, para se divertir ou trabalhar, não quer um desempenho inferior. Por isso, um dos fatores mais importantes a analisar, antes de escolher o modelo, é em quais altitudes se pretende usar o carro.

Quer saber por que e quais são os tipos de motores e veículos ideais para cada altitude? Neste post falamos mais sobre o assunto. Então, continue conosco e boa leitura!

Como funcionam os motores de carros?

Para tratar das influências externas no desempenho de um automóvel, é preciso, primeiro, falar sobre como funcionam os motores a combustão. Há, basicamente, dois tipos nos veículos automotivos:

  • os de ciclo Otto  movidos, em sua maioria, a gasolina ou a álcool — equipam carros de passeio e utilitários leves, por exemplo;
  • os de ciclo Diesel, geralmente abastecidos com óleo diesel (mas não exclusivamente), são mais utilizados em veículos pesados, como caminhões, ônibus, pickups e jipes.

Em ambos os casos, as combustões são coordenadas e ocorrem dentro dos cilindros no bloco do motor e eles empurram as bielas ordenadamente para que girem o virabrequim. Dessa forma, criam movimento, que é transmitido para as rodas. Para que a combustão ocorra, são necessários três elementos:

  • calor;
  • combustível;
  • oxigênio.

Nos motores de ciclo Otto, o ar (com oxigênio) é aspirado com o combustível pulverizado e se converte na mistura ar-combustível, que é altamente inflamável. Dentro dos cilindros, ela é comprimida e uma fagulha elétrica, produzida pela vela de ignição, fornece o calor. A combinação desses elementos resulta em uma explosão.

Já nos de ciclo Diesel, o ar é aspirado primeiro e comprimido até chegar a temperaturas em torno de 600°C. Como a temperatura de ignição do óleo diesel é 250°C, ao ser pulverizado, também com muita pressão, para dentro dos cilindros, a queima ocorre instantaneamente, ele é expandido e movimenta o pistão. 

Como a altitude influencia o desempenho do carro?

E o que a altitude tem a ver com isso? Tudo. Ao mesmo tempo em que são necessários três elementos para que a combustão ocorra, a quantidade de cada um deles deve ser suficiente para movimentar os pistões e, consequentemente, o veículo, mas não o bastante para danificar seus componentes.

Com base nisso, são projetados os motores e toda a mecânica do automóvel. Para isso, são previstos padrões para a qualidade do combustível, a potência das faíscas ou a temperatura do ar comprimido e a quantidade de oxigênio aspirado. É aqui que a altitude entra como fator de influência.

A potência apresentada pelas montadoras é, na verdade, uma referência medida com o motor funcionando em condições ideais de manutenção, temperatura, combustível e pressão atmosférica.

Se quanto maior a altitude, menor é a pressão, então, mais rarefeito é o ar. Isso significa que as moléculas ficam mais separadas e há menor quantidade de oxigênio em um determinado volume. Dessa forma, o ar aspirado para ser misturado ao combustível terá menos oxigênio e, portanto, as combustões nos cilindros serão mais fracas.

Como o motor reage em grandes altitudes e o que fazer?

Como menos moléculas de oxigênio são aspiradas, a relação entre ar e combustível fica prejudicada. Com isso, a porcentagem de combustível é maior do que a ideal. Isso era mais comum nos carros carburados, pois a quantidade de combustível pulverizado e de ar aspirado eram sempre as mesmas, definidas pela regulagem do carburador.

Já com a injeção eletrônica, essa característica é amenizada. Isso porque a central de controle monitora a pressão atmosférica e dosa a quantidade de ar aspirado e a de combustível injetado.

Assim, as montadoras conseguem garantir uma potência bem próxima à anunciada, com uma média de perda de apenas 1% para cada 100m. Ou seja, se o carro subir até uma altitude de 1.500m acima do nível do mar, a perda será de 15% na potência.

No entanto, se houver outros fatores combinados  como combustível ruim e mau funcionamento ou falhas, tanto mecânicas como elétricas , o veículo pode deixá-lo na mão. Portanto, para evitar problemas e minimizar riscos, antes de ir para locais muito altos, é recomendável:

  • fazer as manutenções preventivas;
  • abastecer em um posto de confiança;
  • conferir se no manual do proprietário há recomendações em relação à calibragem dos pneus, ao fluido de arrefecimento e ao óleo lubrificante;
  • levar somente o necessário para manter o peso reduzido;
  • fazer uma análise preventiva do sistema de injeção eletrônica, pois pode haver falsos sinais de falha.

Por que pensar na altitude para escolher o carro?

Ainda que os sistemas de injeção eletrônica estejam cada vez melhores e a mudança seja relativamente pequena na potência, para quem mora, viaja ou pretende visitar localidades elevadas, é bom prestar atenção a alguns detalhes do modelo que vai escolher.

Em cidades como Campos do Jordão (SP), Bom Repouso (MG) e São Joaquim (SC), que ficam acima dos 1.300m, veículos com baixa cilindrada, como os 1.0 e os 1.4, sofrem mais com os efeitos da altitude. Isso porque o motor opera com uma margem de giros pequena. E fica ainda pior quando se tratam de sedãs, que são mais pesados.

Por isso, os automóveis equipados com motores 1.8, 2.0 e superiores são mais indicados para altitudes maiores porque o motorista sente menos a diferença. Afinal, quando um motor de 65 cv entrega 57 cv, isso é pouco. Por outro lado, se um de 100 cv entrega 87 cv, ainda é uma boa potência.

Entretanto, para destinos ainda mais altos, como uma travessia pelos Andes, por exemplo, todo carro de passeio sofre. Nessas localidades, o ideal é utilizar um veículo equipado com compressores, os famosos turbos.

Esses componentes comprimem o ar e aumentam sua densidade antes de enviá-lo para os cilindros. Portanto, fazem que a dependência da pressão atmosférica seja mínima. Outra saída seriam os automóveis com motores híbridos ou elétricos, que não utilizam combustão, ou somente ela, para rodar.

Em resumo, o desempenho do carro é, sim, afetado por fatores externos, como a altitude. A popularização da injeção eletrônica minimizou o problema, mas quem tem um veículo menos potente ainda sente os efeitos da baixa pressão atmosférica. Por isso, o ideal é pensar bem nos destinos antes de escolher qual modelo comprar.

Gostou deste post? Quer saber mais sobre o funcionamento e o desempenho dos carros? Então, aproveite para conhecer os principais elementos da potência dos motores!